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Se

  • Foto do escritor: Cleiton Zirke
    Cleiton Zirke
  • 11 de out. de 2019
  • 1 min de leitura

Se

Escondido no silêncio, contemplo o rosto nu. A mudez dos lábios, contínua, ecoa no vazio da ausência. Olhos frios sob o cenho franzido traduzem a calma com que amedrontas aqueles desavisados que ousam te querer mais do que querem o próximo amanhã. Rumores dos desacontecimentos marcham sutilmente em seus passos retrógrados. Desfazem o caminho retilíneo pelo qual vieste. Retira-se o riso solto e no teu rosto se faz o escuro. Se ris, cores traiçoeiras voltam e o arco-íris desenha as curvas do teu reflexo no espelho dos meus olhos. Se cantas, embriagas até o tempo, que para e te ouve. Quem move os ponteiros dos relógios quando o tempo, emocionado, chora? Se dormes, felizes os sonhos que moram na tua noite. Ainda não sabem, mas serão para sempre esquecidos. Menos aquele que alegremente derramaste nos meus ouvidos nos dias que já acabaram. Se choras, impiedosamente castigas a tua paz. Rolam as lágrimas, adjuntas do avesso do teu contentamento. E não é suportável ver-te triste. Se partes, contigo levas sementes. Plantarás tuas cores e teu sorriso. Plantarás saudades outras. E, novamente, te esconderás no teu silêncio, fazendo-te a falta inequívoca.

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