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Poesia Cinza

  • Foto do escritor: Cleiton Zirke
    Cleiton Zirke
  • 18 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura













Desde as entranhas Nada se divide nem se reparte Das diferenças inexistentes Uma luz cortante se firma contra as ondículas escarpadas e o vento dança. Tremeluzem as pequenas flores Dos desejos entrepostos sobre uma linha Tênue e desvanecente, Ali, onde os calafrios se fazem No berço das inseguranças e incertezas Jaz uma ave.

Sussurrantes vozes cantam desventuras Pedaços de nuvens vaporosas sem qualquer forma dizível encaminham-se para o que não pode existir. Sente-se que ali há nada. Continuamente distante, os laços se desfazem As pontas das linhas embebem-se com tal rapidez das águas das angústias que se pode ouvir o barulho do seu encharcamento e como se satisfazem na sua soltura. Se ali fica-se, se ali deixa-se, se ali permanece-se, Há que se desbotar, porque tudo ali parece-se. O ar pesa com o peso das coisas graves. Continuamente, suspende-se o prenúncio de coisas trágicas que a si mesmas se anunciam. E há espera, ainda que não se saiba o que se espera.

Como dizer dessa luz? Angustia-me não achar palavras que a digam, de si e de seus contornos e nuances, por mais que sejam também indiferentes, há que se falar dela e dos seus efeitos. E de como seduz de um jeito macio os desavisados que nela se banham. Ah, luz, que brilhas, o que dizer de ti? No ocaso das alegrias tiveste teu nascedouro, dali te derramas por sobre  ombros e cabeças e folhas e águas e chãos, onde tudo que se podia ser já foi e acabou. Contornas fantasmas que desmancham E mentem da primavera Embalas sonos que não tem sonhos Conduzes danças que não tem passos Contas histórias que não tem palavras Vendes coisas que não tem existência

E no caminho sem meio, estrada labiríntica Nas travessias, uma pera suculenta Sem pingos de chuva O sol nunca se põe no cais das dúvidas. Porque nunca se chega, porque nunca se sai Tudo se vai igualando.

E assim é o dia cinza. Nele se fica, dele não se sai. Não fala-se de cores, nem de risos, nem de danças. Emaranha-se nas suas cordas e deixa-se de querer. Mas não te enganes: não é um dia ruim; é um dia necessário

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