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Vão

  • Foto do escritor: Cleiton Zirke
    Cleiton Zirke
  • 11 de out. de 2019
  • 2 min de leitura

Cadê esse tempo, Que passou e eu nem vi? Onde estão as cócegas Que tanto nos fizeram rir? Para onde foram as receitas Que nos prendiam ao redor da mesa? Em qual curva do caminho A poeira se desprendeu dos nossos passos?

Cadê esse tempo, Que escorreu por entre os dedos? Onde estão os sonhos Que nos faziam despertar cada manhã? Para onde foram as esperas Que faziam o relógio desacelerar? Em qual buraco sem fundo As letras das nossas cartas caíram?

Cadê? Onde está? O que se fez dos encontros, dos abraços, das lágrimas? Qual cor foi dada aos monstros que moravam nos nossos medos conjuntos? Por onde andam as mãos que se apertavam, os sorrisos que acenavam, os lábios que se beijavam? Para onde foram as asas das borboletinhas que agitavam nossos estômagos? E todas aquelas cores? Quando saem do papel, quando não estão mais dentro do agora, onde vão se esconder? Por certo, encantarão outros olhos. Nós as víamos nas fotografias, nós as temos nas lembranças.

Onde estão guardadas as músicas? Aquelas que faziam com que nossos pés dançassem? E os silêncios? Densos, pesados. Eloquentes, até. Por onde andam aqueles nossos muitos constrangimentos? Por certo, desconcertam aqueles ainda cheios de certezas. Qual o paradeiro das nossas vergonhas? Quais faces hoje ruborizam? A quem fazem fechar os olhos?

Em que pé está aquele resultado da continha do tempo que parece ainda nos restar? Iludidos. Como se essa porção de vida coubesse em um número.

O que mais queres, tempo? O que mais ainda podes levar? Tens ainda espaço nos teus depósitos de coisas idas? Que fazes com tudo isso que selvagemente arrancas daqueles que por ti passeiam? Acaso temos nós algum bem de valor tal que tu o cobiçarias? Sim. É certo que sim. Tu.

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